O perigo de poupar os filhos das frustrações
Existe limite para o cuidado com os filhos? Como ajudá-los a crescer de maneira saudável para que se tornem adultos independentes e autônomos? Muitas vezes excesso de zelo e cuidado pode acabar sendo algo prejudicial para o seu filho, justamente porque ao sufocá-los com tantos cuidados e preocupações, impedimos seu crescimento e amadurecimento.
O debate sobre essa questão é bastante válido e, por isso, pais e responsáveis devem estar abertos para aprender qual a melhor metodologia de ensino aplicada para crianças e adolescentes, ajudando no seu aprendizado e auxiliando-os a enfrentar da melhor maneira possível as adversidades e frustrações inerentes à vida.
No artigo de hoje você poderá entender melhor quais os possíveis perigos de tentar sempre poupar os filhos das dificuldades e frustrações. Siga com a leitura!
Aprenda a dizer “não”
Embora seja uma palavra pequena, ela costuma ser motivo de muita choradeira quando a criança escuta e é nesse momento que muitos pais acabam se tornando permissivos demais e cedem a muitos caprichos e vontades com medo de perder o afeto da criança e do controle da situação em si.
Porém, o ato de dizer “não” ensina coisas valiosas às crianças e as auxilia a desenvolver resiliência e criatividade. Se uma criança só ouve o sim, ela deixa de lado a capacidade de lidar com contratempos.
O grande desafio ao dizer o não, é explicar o motivo da negativa. Assim, a criança irá, de fato, entender, por exemplo, que não pode mexer na gaveta da cozinha, pois lá existem facas que podem machucar, ou ela não irá ganhar brinquedos novos, pois a mamãe e o papai não tem dinheiro no momento para isso. Enfim, conforme a criança cresce, os argumentos são mudados de acordo com as circunstâncias, e ela irá calibrar o que será pedido/feito, pois já conhecerá os limites dos pais.
Disciplina positiva: o que é e como funciona
Ao contrário do que muitos pensam, a disciplina positiva não tem nada a ver com a permissividade, falta de limite ou mimar os filhos, mas sim com a ideia de que a família pode, e deve, contribuir com ações para criar filhos que se tornem adultos mais colaborativos, responsáveis, empáticos, amorosos e seguros de si.
Assim, os pais abrem mão da cultura autoritária que envolve uma postura punitiva com castigos, palmadas e, geralmente, gritos e dá espaço a um ambiente mais colaborativo onde todos os envolvidos sejam respeitados.
Conheça abaixo os 5 pilares da disciplina positiva:
- Respeito mútuo: você reconhece seu filho como um indivíduo único e consegue impor autoridade, mas sem ser autoritário. Assim, cria-se uma relação com mais respeito e confiança.
- Importância e pertencimento: ao incluir seu filho em suas decisões diárias, fará com que ele se sinta parte do ambiente familiar. Convidá-lo a cooperar e escutá-lo ajudará a criar um senso de responsabilidade, além de estreitar os laços afetivos entre todos da família.
- Eficaz a longo prazo: enquanto o castigo e a punição age de forma pontual e acaba resultando em medo e insegurança, a disciplina positiva faz com que a criança reflita sobre os reais motivos por trás do seu comportamento, o que impacta em efeitos a longo prazo e ensina a criança a ter autoconhecimento e autocontrole.
- Desenvolvimento de habilidades socioemocionais: trabalhar e incentivar a responsabilidade, autocontrole, disciplina, empatia, respeito, dentre outras habilidades socioemocionais são essenciais para que se tornem adultos colaborativos e repliquem esse mesmo hábito em suas relações futuras.
- Consciente de suas capacidades: é importante que a criança esteja inserida em um ambiente que permita aprender e evoluir com os erros, além de descobrir suas habilidades e limites.
De forma resumida, na disciplina positiva não existe uma balança que pesa somente para um lado: ser somente gentil ou ser somente firme. Há um equilíbrio.
Afinal, se você for apenas firme, trará uma perspectiva onde somente as suas necessidades são importantes. Ou seja, aquilo que você impõe ao seu filho não pode ser questionado, o famoso “não, e ponto final”.
Por outro lado, ser apenas gentil não impõe limites, deixa o foco somente na criança, permitindo que ela faça o que quiser e quando quiser e as necessidades dos pais são ignoradas.
Perigos de tentar poupar os filhos das dificuldades
Ao controlar em excesso tudo aquilo que seu filho pode, e deve, experimentar para que auxilie no seu desenvolvimento e o transforme em um adulto mais seguro e confiante, ele pode sentir dificuldade em reconhecer suas emoções, já que é poupado de sentir tristeza, raiva ou qualquer outro sentimento de frustração. Confira abaixo outros problemas que essa superproteção pode causar:
- Dificuldade em lidar com as emoções
Quando há uma grande proteção exacerbada dos pais em relação ao que acontece com os filhos, fica completamente difícil passar para as crianças o significado de cada emoção, como raiva, tristeza, alegria e dor.
No momento em que seu filho vivencia um desses sentimentos, é importante que os pais estejam atentos para validar e explicar esses sentimentos e não evitar que seus filhos passem por uma situação que irá resultar em frustração, por exemplo. Só assim será possível prepará-los para as situações cotidianas e normais da vida.
Quando esse aspecto não é trabalhado desde a infância, é comum que os pequenos acabem sufocando suas emoções e futuramente tendo relações pouco saudáveis, já que não foram estimuladas a falar sobre seus sentimentos e tão pouco entendê-los.
Não permita que isso aconteça com a sua criança!
- Incapacidade de ser tolerante
Outra consequência bastante recorrente em crianças que foram repetidamente “poupadas” em lidar com situações adversas, é a notável falta de intolerância com seus semelhantes. Quando a criança nunca precisou vivenciar nenhuma frustração e situações em que teve que lidar com um NÃO, obviamente se torna bem difícil para ela conseguir ser tolerante com os outros e entender seus sentimentos.
E o que é pior, ela acaba mesmo quando adulta tornando-se alguém imaturo por não saber como se comportar frente a uma negativa. Por isso, é tão necessário que pais e responsáveis não tenham medo de educar seus filhos e permitir que conheçam e vivenciem todos os sentimentos, emoções e situações cotidianas possíveis, pois só assim ela estará realmente preparada para conviver em sociedade.
- Falta de independência e autonomia em suas decisões
Ao sempre tentar buscar proteger os filhos das frustrações, faz com que a criança não trabalhe a sua identidade e desenvolva seus interesses. Assim, os pequenos não vivenciam situações de aprendizado onde podem tomar suas próprias decisões e serem mais independentes. Claro que aqui vale levar em consideração a idade da criança para não expor em situações de risco, obviamente. Mas sim deixar os pequenos possam ter mais independência e autonomia em situações onde pais e mães tendem a obter total controle.
Além disso, a criança que não se frustra pode se tornar um adulto inseguro, já que não enfrentou situações que estimulam a sua confiança e autonomia. Quando adulta, se sentirá perdida e encontrará dificuldades para lidar com as diversas situações do cotidiano.
Podemos destacar outras consequências de crianças que não enfrentam situações de frustrações, tais como:
- Não aceitam autoridade de pais e responsáveis;
- Se sentem inseguros diante de coisas novas ou desafios;
- Dificuldade de entender o próximo, ter empatia;
- Costumam se sentir mais isoladas.
Crianças que costumam passar por situações onde nem tudo sai conforme o esperado, faz com que aprendam a enxergar que existe uma autoridade e que ela deve ser respeitada..
Educar os filhos é uma tarefa simples e complexa e é de extrema importância que os pais mostrem aos pequenos a realidade da vida para que quando se tornarem adultos tenham o entendimento necessário para vivê-la por conta própria e enfrentar as adversidades que possam aparecer.
Dicas para ajudar seu filho a lidar com a frustração
Confira algumas dicas de como pais e responsáveis podem auxiliar os pequenos a lidar com a frustração.
1. Não dramatize
Através de um diálogo aberto, é possível manter a postura e oferecer um ambiente seguro para que seu filho se sinta confortável para expor o que sente. Não menospreze o que ele tem a dizer, deixe-o se sentir à vontade e confortável para relatar seus problemas e aflições.
2. Mostre que tudo tem solução
Entender que os problemas podem ser resolvidos faz com que os pequenos sintam mais confiança em lidar com outras situações adversas que possam ocorrer, sem sentir insegurança para resolvê-las.
3. Ajude no controle das emoções
Pergunte o que ele está sentindo e ajude-o a nomear o sentimento. Isso fará com que ele crie uma percepção sobre si mesmo e lide melhor com o controle das emoções.
4. Ofereça apoio
O apoio dos pais é fundamental para que os filhos se sintam seguros e saibam que podem contar com o auxílio dos pais para sugerir soluções diante de algum problema. Aqui, é importante exercitar o hábito de não fazer tudo para o seu filho na intenção de poupá-lo de situações adversas. Dê espaço para que ele viva a realidade, porém sabendo que pode contar com o seu apoio sempre que necessário.
5. Fale a verdade
É comum que em casos de morte do animalzinho de estimação, por exemplo, a família invente uma história para confortar a criança e poupá-la de sentir tristeza. Porém, é importante que esse momento seja encarado com a maior sinceridade e clareza possíveis, mesmo com os bem pequenos.
O processo de compreensão é longo. Em relação ao entendimento sobre a morte, por exemplo, somente a partir dos 6 anos é que a criança consegue compreender e ter mais clareza sobre o significado da morte. Porém, desde cedo é importante não mascarar a verdade. Utilize uma linguagem adequada à idade e dê o apoio necessário para que a criança possa falar como se sente.
Conclusão
Enfim, como você pode ler neste conteúdo, o papel de pais e responsáveis é importante para ensinar e auxiliar os pequenos a desenvolverem suas habilidades emocionais. Permita que seu filho vivencie as emoções e mantenha o diálogo aberto para que ele se sinta seguro para compartilhar o que estiver sentindo, assim ele conseguirá evoluir e, com certeza, se tornar um adulto mais confiante e seguro.
Gostou do nosso conteúdo? Aproveite para ler nosso conteúdo sobre “Como o comportamento dos adultos influencia na qualidade do desenvolvimento das crianças” e entenda mais a respeito do papel que pais e responsáveis têm na construção da vida de seus filhos.
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