Desenvolvimento da Criança
Observar o desenvolvimento da criança desde o nascimento é super importante, tanto
para os pais quanto para o pediatra. Trazer informações sobre isso na consulta de
rotina ajuda muito na avaliação se está tudo caminhando bem ou se pode haver algum
problema que precisa de intervenção ou investigação. Notando qualquer
anormalidade ou dúvida, sempre converse com seu pediatra. Apresentaremos alguns
marcos do desenvolvimento, lembrando que cada marco tem uma época para
acontecer e isso é o que ocorre com a grande maioria das crianças, porém existem
situações individuais de cada indivíduo que também pode ser normal, como os
prematuros por exemplo que possuem uma velocidade diferente no evoluir
dependendo da idade gestacional que nasceram, então repito, na dúvida, consulte seu
médico.
Começaremos pelos recém-nascidos (RN). O RN mantém uma relação muito forte com
sua mãe, sentindo-se como parte do seu corpo. Nessa fase é comum eles manterem-se
em posição fetal (corpo encolhido), mantendo as mãos mais fechadas, reagindo ao
toque, ao som e a luz. Esperamos que eles apresentem certos tremores de braços ao
serem manipulados, como um susto após estímulos mais bruscos, chamado reflexo de
Moro, podendo esse persistir até os 3 meses. Outros reflexos presentes que podem ser
facilmente observados pelos pais, são a sucção (colocando um objeto, chupeta ou
mesmo o dedo do examinador na boca do RN, ele o suga), preensão palmar e plantar
(colocando o dedo sobre a palma da mão ou planta dos pés, o bebê flexiona os dedos).
Ausência ou anormalidades desses podem sugerir algum problema. O pediatra
conseguirá ao exame físico, testar outros reflexos do RN para avaliação completa.
Focando nos marcos do primeiro semestre de vida, aos 3 meses esperamos encontrar
o bebê sustentando a cabeça, firme de pescoço, com os braços soltos e as mãos
abertas. Já sorriem, seguem com o olhar e a cabeça objetos e sons apresentados.
Presta muita atenção ao que está ao seu redor e faz menção de pegar objetos, não
sendo esperado que consiga. Os pais podem fazer testes mostrando brinquedos,
usando mobiles, cantando músicas e gesticulando com a criança. Esperamos que o
bebê já emita sons, reagindo ao meio.
Aos 4 a 5 meses a criança firma o tronco e até os 6 meses ele ficará sentado sem apoio,
podendo ainda precisar desse em alguns momentos. Até os 6 meses a criança será
capaz de rolar (nem sempre de forma completa, muitas vezes apenas meia rotação), se
colocada de barriga para baixo tentará se arrastar. Já conseguirá nessa fase, pegar
objetos que vê, passando esses de uma mão para outra ou mesmo levando esses para
a boca. Consegue também levar o pé na boca e vai descobrindo seu corpo através da
manipulação. Aos 6 meses também, a criança terá a lalação, uma forma de conversar
dos bebês, podendo interagir mais ainda com o meio.
O segundo semestre do bebê permanece sendo um momento de muitos avanços para
a criança. Ela irá progressivamente após os 6 meses, se firmando cada vez mais para
sentar sem apoio, adquirindo pouco a pouco a capacidade de transicionar da posição
deitada para a sentada sem a ajuda do adulto. Ao mesmo tempo ela passa a conseguir
progressivamente se arrastar com mais agilidade, desenvolvendo também a
capacidade de engatinhar. Geralmente chega nesse estágio por volta dos 9 meses.
Adquirindo essa habilidade, seu próximo passo será tentar levantar com apoio,
escalando meses, cadeiras, o berço, sofá, enfim tudo que possa funcionar de apoio
para se manter em pé. Por volta de 1 ano ela conseguirá andar sem apoio, lembrando
que algumas crianças podem demorar até 1 ano e 3 meses a 1 ano e 6 meses para
andar sem apoio e isso não é um atraso. Cada caso é um caso e precisa ser avaliado
com o pediatra.
Acompanhando todo esse desenvolvimento motor, a criança irá cada vez mais
apresentar a lalação e esperamos que por volta de 1 ano ela fale as primeiras palavras
(mama, papa por exemplo) e entenda ordens simples, como "vem aqui", "me dá",
"não", apesar de nem sempre as seguir, ressaltando que esse comportamento pode
não corresponder a desobediência, já que ela está em fase de aprendizagem. Elas
gostam muito de imitar nessa fase, além de mostrar o que quer com o dedo,
apontando. Percebe coisas escondidas, gostando de brincar de esconder e achar.
O segundo ano da criança também é regado de muito desenvolvimento dessa,
havendo progressivamente maior interação com o meio e com outras pessoas
conforme o tempo passa. Após 1 ano a criança será capaz de bater palmas e iniciar a
conquista de dar tchau, muitas vezes da forma como se adapta melhor. O
desenvolvimento da fala é visível e progressivo, adquirindo cada vez mais palavras no
seu vocabulário, podendo iniciar a construção de frases bem simples, de duas palavras
por volta dos 18 meses. Brincará cada vez mais, tentando interagir com outras crianças
e criar algumas brincadeiras.
Do ponto de vista motor, até no máximo 1 ano e 6 meses ela deve conseguir andar
sem apoio, melhorando progressivamente sua segurança, agilidade e velocidade,
inciando após adquirir essa etapa do andar, um correr desajeitado que irá melhorar
muito até os 2 anos. Irá iniciar alguma percepção do xixi e cocô no segundo semestre
(após 1 ano 6 meses), melhorando essa percepção e a possibilidade de ser treinada por
volta dos 2 anos. Após os 2 anos, a criança tem capacidade de folhear um livro,
rabiscar um papel, criar situações e histórias imaginárias nas suas brincadeiras.
Brincar com a criança é uma excelente forma de observação e estimulação dessa,
sendo ainda momento de reforçar e aprofundar vínculos. Aproveitem muito esses
momentos e sempre os descreva para o pediatra. Ele sempre estará pronto para
comemorar com vocês as conquistas e caso necessário, resolver junto com os pais, os
problemas.
Dra Daniela Vinhas Bertolini, CRM 85228, Pediatra e Infectologista Pediátrica. Doutora
em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Infectologista Pediátrica do Programa Estadual e Municipal de DST/Aids de São Paulo.
Coordenadora da Equipe da Pediatria do Centro de Referência e Treinamento em
DST/Aids – Programa Estadual São Paulo. Atende no Consultório Cuidar – Pediatria e
Cuidado Integral em São Paulo, www.cuidarpediatria.com.br, @cuidarpediatria
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